< Blog dos Séniores do Futsal do Boavista FC: ENTREVISTA DO COORDENADOR TÉCNICO DE FORMAÇÃO - RUI FERREIRA

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ENTREVISTA DO COORDENADOR TÉCNICO DE FORMAÇÃO - RUI FERREIRA

NOTA:
A titulo excepcional vamos reproduzir aqui a entrevista de Rui Ferreira publicada na edição de "+ Pantera". Sendo o cargo abrangente a todos os escalões de formação, resolvemos colocá-lo no blog dos seniores para ter uma maior visibilidade.


Rui Ferreira é um mais novo elemento da família do Futsal Boavisteiro e terá a (difícil) missão de coordenar todo os planteis de formação axadrezados. Coordenar, observar, contratar para além de gerir é a proposta que apresenta e não fica apenas por isso…


Vamos começar por fazer uma apresentação pessoal e desportiva?
Comecei a praticar desporto no Colégio dos Salesianos e joguei basquetebol até aos quinze anos, deixei o Colégio e igualmente o basquetebol. Passei a jogar futebol, curiosamente no Boavista na época de 80/81 sob as ordens do senhor Garcia.
Por quanto tempo?
Por pouco e vou contar uma passagem que me marcou a vida desportiva e que serve de base para aconselhar os miúdos agora. A minha cabeça nessa idade era igual a muito jovens actuai… muito dura! Junto aos antigos balneários existia uma piscina. Num determinado dia estavam a treinar as jogadoras do futebol e o Senhor Garcia avisou-nos que estávamos proibidos de utilizar a piscina nesse dia. Claro que eu e mais cinco fomos mergulhar logo de imediato, só para as atletas verem o nosso físico… Fomos multados em cem escudos cada um! Como não tínhamos dinheiro para pagar e o senhor Garcia nos pressionava constantemente, resolvi a coisa pela forma mais rápida e… corajosa! Nunca mais apareci. Foi esta falta de juízo que me serve como mais-valia para poder ensinar esta juventude que pensa que sabe tudo e não sabe nada.

Perdeu-se um jogador?
Tinha muito jeito para jogar futebol, mas pouco juízo. Sempre que acontece algum problema com um atleta quer seja com um treinador, com um colega ou Dirigente eu tento mostrar (com exemplos das asneiras que fiz) o caminho correcto e considero que assim estou a trabalhar para o bem do futsal e por consequência para o futuro do jovem e trabalhar para o Boavista.

Mas foi o abandono total?
Participei em torneios de futebol de salão e depois de um treino com os seniores do Leça (eu era júnior) o senhor Santana entendeu que eu devia passar para a equipa sénior. Fui inscrito nos seniores e fiquei feliz… por pouco tempo! Veio o primeiro jogo e não fui convocado. Veio segundo e terceiro e não fui convocado. Veio o quarto e finalmente fui chamado, só que não saí do banco. Tomei uma decisão… Nunca mais apareci! Foram todos estes erros de postura enquanto atleta que me enriqueceram como dirigente. Podia ter sido um atleta de elite, mas para isso tinha que ter talento e tinha. Teria que ter cabeça e não tinha.

Como começou a vida de dirigente?
Tudo começou por volta dos vinte e quatro anos e após ter casado, já com a vida estabilizada. Quem me conhecia sabia que eu era viciado em futebol de salão e que estava presente em todos os torneios que existiam e as pessoas que tomaram conta da Direcção dos Leões Valboenses, por volta de 2004/05 convidaram-me para trabalhar com eles. O clube tinha todos escalões e desejavam criar Iniciados e Infantis. No primeiro ano formei uma equipa de Iniciados, com jogadores que vi em vários torneios, e subi de divisão.
Mas isso foi como treinador…
Sim, mas reconheço que isso nunca foi o meu objectivo, mas detectei que havia uma falha muito grande na área de Gondomar, por não haver quem tratasse dos miúdos enquanto jogadores e estudantes. Os meus jogadores tiveram aproveitamento a cem por cento nos estudos! De qualquer modo, fui convidado para o cargo de Presidente da Direcção dos Leões que aceitei.

Então começou o seu trabalho de dirigente nos Leões?
Afirmativo e quero dizer-lhe que quando saí os Leões era um clube que a par do Freixieiro, Boavista e do Miramar, tinha todos os escalões de formação na primeira divisão da AF Porto.
Depois?
Recebi um convite da Farlab no qual vi um bom projecto e aceitei, devo registar que os Briosos passaram a ser quase um satélite da Farlab. Continuei as ideias que tinha colocado em curso nos Leões e quando saí deixei todos os escalões na primeira divisão e os Juvenis campeões.

Vamos falar do Boavista. Como ingressou no Clube?
Curiosamente a minha saída da Farlab e entrada no Boavista têm muito em comum. Eu estava interessado num jogador que tinha um compromisso com o Boavista e em reunião com o António Morais, acabei por conseguir as minhas intenções mas com a contrapartida de pagar as despesas que o Boavista teve com o atleta em questão. Paguei do meu bolso, pensando que posteriormente o presidente me reembolsaria desse valor. Tal não aconteceu e não estando em causa o valor achei isso uma desconsideração e por esse motivo saí.

E aparece o Boavista?
O António Morais (Director do Departamento de futsal) convidou-me para ingressar no Boavista, mas confesso que hesitei muito, porque era corrente que… o Boavista (em futsal) ia desistir. Mas o Morais é persistente e insistiu e na pior das hipóteses pediu-me para ajudar um grande amigo que é o José Oliveira (treinador dos Juniores). Aceitei porque gosto muito do Zé e o considero um grande treinador, que acabou por ser vítima dos boatos sobre o fim do Boavista e viu muitos jogadores interessantes a fugirem. Resolvi definitivamente e cá estou de corpo inteiro.

Como Coordenador o que pensa ser a sua missão?
Considero fundamental em qualquer clube a pesquisa de talentos. Um coordenador desportivo deve procurar, detectar, contratar, dirigir e encaminhar. Procurar é sempre necessário, porque as coisas não caiem na mão. Contratar obrigar a ter um certo tacto para as situações que se nos apresentam e saber o que temos para oferecer e estou a falar de carinho e atenção e não de dinheiro, isso em clubes amadores nas camadas jovens não existe. Para dirigir, entendo há duas formas. A primeira é nós ficarmos sentados a uma secretária e mandar os outros fazer e controlarmos. A outra, que eu mais gosto, baseado no acompanhamento profundo dos escalões, no detectar as falhas que todos temos. Finalmente encaminhar os atletas, na realidade os atletas não são dos clubes. Hoje estão aqui amanhã ali. É preciso saber prepará-los para essa realidade.

O que encontrou quando chegou ao Bessa?
Encontrei um clube que tem tudo e … não tem nada! Para ser um grande clube em futsal o Boavista tem necessidades urgentes de vária ordem.
Quais?
Olhe, tem que conseguir meios de transporte próprios. Se não for de outra forma, proponho que o pessoal faça uma “vaquinha” para comprar pelo menos uma carrinha para transporte dos atletas. Já contabilizaram o dinheiro que se pode poupar?
Precisa de um espaço próprio para treinar e captar os associados e acho que é possível encontrar no Bessa.

A nível de equipas, qual foi a realidade com que se deparou?
Considerei urgente, reforçar a equipa dos Infantis que corria riscos de baixar de divisão e o Boavista nunca pode ter equipas de formação na segunda divisão, seja qual for o escalão. Conseguimos isso e a equipa está a subir na classificação. Outro caso difícil é a situação dos Juniores que estão muito abandonados. Treinam e jogam em Perosinho e custou-me verificar que quando jogam as bancadas têm oitenta por cento de público adversário.

É desmotivante, isso e o desgaste das deslocações?
Os resultados é que motivam ou desmotivam. Se estivéssemos a lutar pelo título, tudo seria mais fácil de conseguir, mas assim é difícil, não que a equipa esteja mal, mas o Zé só vê a luta pelo primeiro lugar e anda triste com o terceiro. Mas para o ano vamos ter grande equipa, podem estar certos. Aliás para o ano todas as equipas do Boavista serão mais equilibradas e mais fortes.

Como vai conseguir isso?
Defendo que uma equipa de formação deve ser constituída por cinco jogadores do primeiro ano e cinco do segundo, isto porque assim haverá sempre um núcleo forte em todos os anos pois subirá sempre meia equipa mas o futuro fica a segurado com o outro meio que se mantêm.

Qual o seu projecto para o futuro axadrezado?
Considero que faltam estruturas para transformar o Boavista num grande clube de futsal. A Direcção do Clube tem que olhar para as três modalidades de pavilhão e conseguir um espaço para trabalharmos dentro de casa iremos atacar a questão do pavilhão do Ténis onde podíamos treinar e rentabilizar e onde podíamos realizar alguns eventos. Temos que adquirir duas carrinhas para o Futsal. Existem no futsal dirigentes que dão tudo o que têm e nada conseguem realizar por falta de estruturas.

O caso do Ténis, já está familiarizado com esse assunto?
Já trouxe cá alguém para fazer um orçamento e já sei o preço do piso. Considero que o piso se paga a ele próprio. Temos três modalidades de pavilhão, cada modalidade com seis equipas e cada equipa com três treinos mensais é só fazer as contas.

Como vê o futuro do Boavista no futsal?
Corremos o risco de (em breve) sermos ultrapassados por vários clubes. As estruturas é que captam os atletas. Se juntarmos estruturas dignas às camisolas do Boavista o futuro será brilhante e estamos a falar (quer gostem ou não) da modalidade do futuro!

Pessoalmente qual será o seu trabalho?
Eu sou o coordenador, por isso eu é que coordenarei tudo. Eu procurarei e contratarei os jogadores e os colocarei ao dispor do corpo técnico para serem trabalhados. Não aceito que um treinador entre num clube e traga sete ou oito dos “seus” jogadores, depois sai do clube e os jogadores ficam. . Acho essa filosofia dos clubes completamente errada.
Quem escolhe os jogadores é quem coordena porque eu não penso só no presente, penso acima de tudo no futuro.

Muito trabalho para realizar?
Assim é que eu gosto, assim podemos deixar a nossa marca e eu tenho grande auto-confiança.


O miúdo sem juízo deu lugar a homem ambicioso…