António Morais, Director do departamento de Futsal, deu na edição de hoje do Norte Desportivo, uma profunda entrevista. Digna de ser lida e que deve servir de análise por todos os Boavisteiros!
Vamos, com a devida vénia ao Norte Desportivo, publica-la na integra, esperando que após a sua leitura, todos apresentem o seu comentário...
A entrevista foi realizada por:
José Túlio
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ANTÓNIO MORAIS TAMBÉM PODE ABDICAR NO BOAVISTA
JOGADORES ESTÃO LIVRES DE COMPROMISSO
O director de departamento do Boavista, António Morais, não esconde a sua desilusão. “Cansado, desiludido e enganado” são palavras que usa, a O NORTE DESPORTIVO, para analisar a falta de apoio da Direcção do clube.
Há menos de um mês, com a anunciada entrada do investidor Sérgio Silva no clube, respirou de alívio. Falhada essa entrada, qual é a situação da secção?
Neste momento, estou cansado desiludido e sinto-me enganado. Sou sócio há 30 anos, «Pantera de Honra» e julgo que merecia mais respeito por parte da actual Direcção.
Deduzo que as coisas na secção não estão fáceis?
Não é só na secção. Baste ler as notícias para perceber que o Boavista está sem rumo. Fiz milhares de quilómetros pelo Boavista e não me lembro de ver as coisas neste estado. Esta Direcção, principalmente o seu presidente, está-me a desiludir. Não percebo como é que embarcou neste projecto se não tinha um suporte financeiro seguro.Na altura disse que a secção estava a «entrar no vermelho»…Tínhamos a promessa de que o Boavista nos iria ajudar a partir de Março. Estamos em Maio e ninguém nos diz nada. A excepção é o vice-presidente das modalidades, António Marques, que nunca nos faltou com o seu apoio. Os outros directores parece que estiveram no jogo com o Benfica, não sei se por causa da televisão, mas nunca apareceram no Viso.
Os salários ao grupo de trabalho estão em atraso?
A secção consegue suportar cinquenta por cento da época. Não tem condições para mais. Desde Março que o Boavista devia ter cumprido com o que nos prometeu. Mas não o está a fazer. Se continuar assim, não vamos ter hipótese de cumprir. Já falamos com os jogadores e eles estão ao corrente da situação.
As renovações anunciadas em Fevereiro ainda fazem sentido?
Não. Neste momento, não tenho condições morais para pedir aos jogadores o cumprimento dos compromissos que foram assinados. Já conversamos sobre isso. Eles ficam até final da época, mas estão livres para procurar clube. Se as coisas no Boavista continuarem assim, a secção não tem viabilidade e eu também vou abdicar. No entanto, estamos empenhados todos os dias em evitar o fim deste projecto. Espero que ainda haja uma luz ao fundo do túnel que permita ser reacendida até ao final desta época, mas é muito complicado, porque estamos sem credibilidade perante os patrocinadores.
Disse que pode abdicar. Em que momento decide?
Neste momento, há ainda coisas a fazer nesta época e não me resigno a deixar de lutar pela viabilidade da secção. O grupo de trabalho merece uma palavra de grande agradecimento por tudo o que tem feito. Como sócio, é um orgulho enorme perceber que temos este grupo de trabalho que tem feito pelo Boavista coisas fantásticas. E vou fazer tudo para honrar os compromissos que o Boavista tem para com a equipa técnica, os jogadores e restante «staff».
Eles merecem.
O Boavista vai aceitar o arquivamento do «caso Guga»?
O clube está numa posição muito fraca em termos de justiça desportiva, a ser constantemente desrespeitado, por isso, não vamos recorrer. Não queremos dar o prazer a algumas pessoas de exercerem o seu poder sobre o Boavista para mais uma vez desrespeitarem o clube. No entanto, contávamos que já que foi provada a boa-fé do Alpendorada no processo, que, no mínimo, os três jogos fossem repetidos. Essa era a nossa expectativa e a ideia que fica de quem lê o acórdão.«
«CASO GUGA»
PERCEBE-SE TUDO MENOS O QUE NÃO SE PERCEBE
A FPF arquivou o «caso Guga». Surpreendeu-o?
Estive sempre preocupado em ganhar no campo, mas acompanhei o caso com atenção porque éramos interessados. Desta decisão, percebe-se tudo menos o que não se percebe. É uma vergonha o tempo que estivemos à espera de uma decisão, o que põe em causa as instituições. Depois, a AF Porto, por ter demorado um mês a enviar o processo de inscrição do jogador para a FPF, foi comprovadamente negligente e nada lhe aconteceu, mas se for um clube a errar é imediatamente punido. Finalmente, o acórdão baseia-se em tudo menos no essencial, o facto de o jogador ter actuado de forma irregular em três jogos.
