< Blog dos Séniores do Futsal do Boavista FC: ENTREVISTA COM RICARDO PEREIRA

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ENTREVISTA COM RICARDO PEREIRA




JÁ COMO CAPITÃO (nos infantis) e passados anos EM COMPETIÇÃO EUROPEIA
Quem o vir num corpo franzino não conseguirá imaginar o seu poder dentro das quadras a jogar futsal, onde sempre foi um autentico leão na luta, na entrega, na disciplina e no rigor.

Abandonou prematura e voluntariamente a competição e não foi só o Boavista que o chorou, porque todo o país se espantou e todos os amantes da modalidade o lamentaram.

Falamos daquele a quem carinhosamente chamavam “o Cenoura” (pela cor dos seus cabelos) de seu verdadeiro nome Ricardo Pereira.
Um ano após o seu abandono, fomos conversar com ele.

O PASSADO

- Quando iniciaste a tua actividade?
- Comecei nas escolas do Boavista em futebol de onze, o meu treinador era o Jaime Garcia e depois enveredei pelo futebol de salão (anterior ao futsal) no Carvalhido.

- No total em que clubes jogaste?
- No futebol de salão joguei no Carvalhido e Monte da Bela. No futsal joguei no Olimpique, no Boavista (como júnior, mas ainda fiz um ou dois jogos nos seniores), ingressei depois no Famalicense, Joarte, Universidade Lusíada, de novo Joarte e finalmente voltei ao Boavista já como sénior.

- Durante a tua carreira, quais os títulos que conquistas-te?
- Fui campeão em todos os escalões de formação! (ndr. ficamos admirados e ele com simplicidade e humildade como a justificar, acrescentou) éramos um bom grupo e beneficiamos de jogar muito tempo juntos… Em seniores o maior titulo foi a conquista da Super-Taça (com o Benfica) atingi a final-four e a final da Recopa Europeia (Taça dos Vencedores de Taças da UEFA). Ajudei a Joarte e Universidade Lusíada a subir da segunda à primeira divisão nacional.

- Durante a tua carreira estiveste em muitas equipas dirigidas pelo teu irmão. Coincidência ou influência familiar?
(sorriu como se esperasse a pergunta, pensou e calma e sinceramente, respondeu).
- Para além de irmão o Rui Pereira, considerava-me um bom jogador e como me conhecia bem, queria que eu fizesse parte do seu plantel. Eu sabia do seu valor – para mim é dos melhores treinadores portugueses (senão mesmo o melhor) – gostava muito do seu trabalho, com rigor, com disciplina e com a pressão de quem é no fundo, um campeão! Por isso eu também adorava ser treinado por ele.

- Só por isso? (provocamos)
- Para além dos laços familiares existe entre nós uma grande amizade, eu sou seu admirador e torço por ele sempre, fico feliz com as suas vitórias e sofro com as suas derrotas, ora ao pertencer ao seu grupo, podia fazer mais que torcer, podia ajudar nas suas conquistas.

- Mas a situação não era fácil!
- Não, não era nada fácil! Nos treinos tinha que ser o exemplo, pois sentia que era o ponto de referência para todos os meus colegas, para além disso, como todos sabem não existe balneário nenhum em que de vez enquanto, não se critique o treinador… nessa altura sentia-me mal, quando havia problemas eles caiam todos em cima de mim.

- Essa posição, trouxe-te inimizades?
- Sinceramente em tantos anos, poucos foram os colegas que me desiludiram e muitíssimos os que guardarei para sempre nas minhas recordações.

- Em que ficamos, coincidência ou influência?
- Acho que foi uma coincidência.

A CARREIRA

- Quem te conhece como jogador, questiona o porquê de não teres sido internacional. Como explicas esse facto?
- Tive no inicio da carreira uma hipótese de ser internacional, pois fui convocado para a Selecção B de Portugal. Mas por questões profissionais não pude ir, tive que optar e tomei a decisão de pedir dispensa, embora sabendo que isso me podia trazer custos para o futuro.
(falava pausadamente, pela primeira vez lhe notamos alguma tristeza como querendo voltar atrás, mas continuou como se falasse para “o ele desportista). Confesso que foi um desgosto que trouxe do futsal, nunca ter sido internacional pelo menos uma vez! (e…recuando) sabia que ao negar a convocatória ia hipotecar as minhas hipóteses… mas teve que ser.

- Todos reconhecem que foste dos melhores jogadores nacionais, mas não atingiste a fama que muitos têm sem metade do teu valor. Nasceste cedo demais, ou o futsal é que nasceu tarde?
- Nunca me importei com isso, acho que nasci na altura certa e dei sempre muito valor ao que fiz! Gostei do que fiz e das recordações com que fiquei.(ganhou fôlego e acrescentou) quando muito, nasci no país errado. Se tivesse nascido em Espanha as coisas teriam sido diferentes, lá o futsal é uma realidade, existe profissionalismo, existe competição, existe organização etc… lá teria sido profissional e ainda estaria a jogar. Em Portugal “andamos” algo errados, os subsídios pagos são demasiados altos para a realidade que temos e existe aquilo a que chamo um pseudo- profissionalismo, não estamos bem. Concluindo, estou grato ao futsal e contente com o que fiz em toda a minha carreira.

- Porque abandonas-te tão prematuramente a tua carreira?
- Estava cansado por causa do trabalho, o futsal obriga a grande disponibilidade, eram os treinos, os estágios e não ficava tempo para fazer mais nada. Já não conseguia fazer mais nada e a vida tem mais coisas para serem feitas, ponderei e como tinha uma imagem a defender no futsal, nunca poderia continuar na modalidade se não fosse a cem por cento, por isso resolvi abandonar.

- Mas mesmo depois do teu abandono, tiveste convites para o regresso.
- Sim é verdade. Propunham-me condições mais leves, isto é, realizar menos treinos com menos intensidade, mas não é o meu género e pelas razões anteriores recusei. Se quisesse continuar seria no Boavista onde passei os meus melhores anos.

- Um ano depois… como foi este ano, o bichinho doeu?
- Foi mais fácil do que eu pensava ser. Nos primeiros tempos, senti um pouco mas como foi uma opção tomada com calma, acabei por superar a situação.

- Então está tudo esquecido?
- Não! Pelo contrário, tenho muitas recordações desses tempos e saudades da intensidade dos treinos, da luta dos jogos, da pressão e nervosismos dos momentos que antecediam o início dos jogos passados no balneário ouvindo o treinador, toda aquela movimentação, mas a vida tem mais coisas…

BOAVISTA

- Quantos anos no Boavista?
- Os últimos cinco foram aqui! (aqui sim, a saudade abanou-o)

- O que te diz ter representado este Clube?
- Sou Boavisteiro desde pequenino! (sorriu orgulhoso) foi um orgulho para mim ter jogado com a camisola que amo, é sempre uma motivação extra jogar no clube do nosso coração.

- Como viste por fora, a época passada?
- Foi uma época muito boa, principalmente na primeira volta. Com todos os problemas de infra-estruturas e financeiros que aconteceram, foi muito bom o Boavista ter ficado na primeira divisão. Acho que o “Berto” (Alberto Melo) foi muito bom em dar continuidade ao trabalho que foi realizado nos últimos anos.

- Nos teus tempos as condições eram melhores?
- A partir do momento que perdemos o pavilhão as coisas ficaram muitos difíceis e, recordo que nos meus cinco anos, só tivemos o pavilhão ano e meio. O Boavista é um clube muito difícil! As dificuldades são diárias e só com os grandes homens que tem (e tem valor ao consegui-los) e os grandes atletas que o têm servido é que consegue estes resultados, que são autênticos milagres.

- Consideras que alguma vez a modalidade terá no Boavista, a importância que gostarias de ver?
- Sim acredito que é possível, vejo que a Direcção começa a ver com outro olhar o futsal no Clube e estou esperançado em ver o Boavista no topo da competição.

- O que será preciso, em teu entender?
-
O Boavista conseguiu reunir um grupo de homens invulgares na competência e dedicação ao trabalho, tem em minha opinião, a base para conseguir a evolução do projecto, estes são os homens certos e apenas precisam do apoio material indispensável, pois do resto com o seu saber, tratarão eles.

O FUTSAL

- Como analisas a modalidade no actual momento?
- Acho que se está a viver acima do que se pode. A nível de ordenados e subsídios dispararam e é uma loucura, os jogadores estão mal habituados e temo que em breve sejam vitimas deste estado de coisas. É pena que para além das quatro equipas profissionais as outras não possam acompanhar e disputar as provas com elas, umas vezes aparecem em crescimento alguns clubes, como por exemplo o Olivais, o Boavista, o Instituto, mas em seguida não lhes é possível manter esse progresso e tudo volta quase á estaca zero. (semblante carregado e preocupado, nesta fase). Se repararmos que as modalidades de pavilhão em Portugal estão em grande crise, o basquetebol, o hóquei, o andebol e todas elas têm uma grande organização e um grande passado, deveríamos ter cuidado e analisar a situação, temos crescer mas com bases que infelizmente não descortino.

- Então não vês progresso?
-
Podemos aproveitar a realização do europeu em Portugal, para dar um empurrão à modalidade e criar mais infra-estruturas para o progresso, faço votos que assim seja.

O FUTURO

- Pensas um dia servir o futsal noutra situação?
- Não! Como jogador está excluído e ser treinador está fora de hipótese. Só muito levemente poderia pensar em ajudar um grupo de crianças, porque gosto muito delas, mas sinto que não tenho jeito para treinador. O que eu gostava era da pressão do balneário antes dos jogos, das dificuldades do mesmo e isso só se sente como jogador! (parou, pensou e exclamou) Sou só adepto!

CONCLUSÃO

- Tens a consciência que o teu abandono abanou o futsal a nível nacional?
- Fiquei sensibilizado com a quantidade de mensagens – que me tocaram - de pessoas que só conhecia como adversários e de colegas com quem trabalhei isso foi a prova que reconheceram a minha carreira e que gostaram de trabalhar comigo.

- O Boavista decidiu prestar-te uma pequena homenagem pública. Queres comentar?
- Fiquei muito orgulhoso e sensibilizado quando o Morais me ligou a comunicar isso. O Boavista demonstra um grande valor ao reconhecer o esforço e a dedicação que tive ao longo destes anos. Acima de ser profissional e ter ganho muito dinheiro, são momentos e gestos destes que valem mais que todo o dinheiro que pudesse ter ganho!

Terminou brilhantemente como sempre jogou!
Homem de corpo franzino mas de convicções fortes e de um coração maior do que julgávamos ter, este homem que disputava os quarenta minutos de jogo em campo, demonstra que também na vida é um verdadeiro…
RICARDO (CORAÇÃO) DE PANTERA
Nota: Gostariamos de ver esta entrevista com todos os comentários possíveis, o Ricardo merece que todos dêem a sua opinião.

palavras para que este é o verdadeiro ricardo pereira com quem tive o prazer de jogar (jogar c quem diz treinar :):):):)) grande amigo grande homem ainda fazia uma perninha em kualker clube abraço...

Conheci sempre o Ricardo como um jogadore "indomável" dentro do campo!
Com esta conversa passei a conhece-lo melhor e admira-lo ainda mais!
Para quem sabe de futsal, ficará sempre (para toda a vida) Como é que um atleta este não jogou na selecção?
Teremos a melhor selecção do mundo?
mesmo nessa o Riacrdo teria lugar...
Igual a si próprio nunca lhe ouviu uma queixa, um lamento uma justificação!
Eu sinceramente (como português - será que sou?- e amante da modalidade) acho um crime
Rico (ou pobre?)futsal português que consegue "dispensar" um Ricardo Pereira...

Grande Ricardo.
Tenho muito orgulho em ser teu amigo!

Grande Abraço

António Morais

É a 1ª vez que entro neste blog mas cheguei hoje de férias e como de costume pus-me a zappar os sites favoritos e dei de caras com a fotografia daquele puto maravilha que eu conheci desde que jogamos naquela equipa. Alem de nos la jogavam o Mario Silva, o Petit, os Casqueiras, o André Martins, o Marcos e outros. Eu jogava mais ao banco mas adorava ver aquele cenourinha, tão pequenino com a bola bem colada ao pé, de cabeça levantada, sempre à procura de outro colega para fazer o golo. Era tão pouco egoista que o saudoso sr. Garcia até lhe ralhava.
Lembro-me dum torneio realizado pelas escolinhas que ele ganhou a taça de melhor jogador, ainda eu não pertencia ao clube. Acho que o futebol de 11 perdeu mais que o de 5. Acompanhei mais ou menos a carreira dele vi jogos pela sportv e via que ele continuava a ser o mesmo craque, tecnicamente bom, grande lutador, jogador de equipa, nada egoista. Tudo tudo como diz o sr. que fez a entrevista mas muitas coisas ficaram de certeza por contar, porque sabendo como ele é guarda muita coisa só para si. Quero agradecer-lhe todos os shows de bola que deu durante a sua carreira e que há-de continuar a dar sempre que nos encontrarmos para dar uns chutos. Como ser humano és do melhor que conheci.

Depois deste (sentido) comentário apetece dizer, que nada mais a dizer, mas falar deste HOMEM nunca será demais.

OLA.
FOI COM GRNDE PRAZER E UM ENORME PREVILEGIO TER ACOMPANHADO DE PERTO OS ULTIMOS CINCO ANOS DA CARREIRA DE FUTSALISTA DO NOSSO RICARDO.
GRNDE ATLETA ,GRANDE JOGADOR E EXCELENTE HOMEM.
É DESTES HOMENS QUE QUALQUER TREINADOR GOSTA DE TER NO SEU PLANTEL.
DESEJAR-LHE QUE NA SUA VIDA PRIVADA E PROFISSIONAL TUDO LHE CORRA BEM.
SAUDAÇÕES BOAVISTEIRAS.

Bem ja disseram quase tudo acerca deste grande amigo...o meu silencioso e companheiro de quarto nos torneios...o melhor tacticamente que o bfc ja teve um grande jogador sem duvida...

grande abraço do teu amigo

Ramada 7

P.S: tens filmes novos?? ehehehe :D

Conheci este "rapaz" exactamente como ele está na fotografia da braçadeira e acabamos a tirar o curso juntos! Passados 20 anos, a amizade continua... depois de muitas peripécias futebolísticas (e não só) passadas juntos! Um forte abraço para o mais inteligente jogador com quem tive o prazer de jogar!

É á custa de muito sacrificio e de pessoas como o ricardo que as modalidades amadoras continuam a resistir, de facto foi uma pena o abandono, mas quem dá o que tem a mais nao é obrigado. Força para o futuro e obrigado por tudo!

Alem de um grande jogador ...

Uma exelente pessoa...

todos tivemos pena k ele tivesse abandonado nao so o Boavista como tambem o Futsal ...

As maiores felicidades para ti...

grande abraço
Markinho 9

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