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A ENTREVISTA DA SEMANA


ALBERTO MELO

Alberto Melo, responsável pela equipa técnica durante parte da época, foi o homem que carregou sobre os ombros a responsabilidade de conduzir o Boavista durante esta difícil época desportiva.

Homem da casa, Boavisteiro de sete costados, isso já todos o sabem, mas hoje propomos-lhes conhecer mais em pormenor o Nosso Berto!

Boavistafutsal - Comecemos por fazer um balanço da época. Como a classificas?
A.M- Considero-a muito positiva, acho que foi excelente em termos de resultados.

BF- Iniciaste a época na formação e a meio foste chamado a tomar conta da equipa sénior, numa situação difícil. Foi para ti um choque essa realidade?
Sim posso considerar sempre como um choque esta mudança, até porque é originada pela saída de alguém que muito considero, mas foi um risco calculado. Conhecia o plantel que me dava garantias e esperança em alcançar um resultado positivo.

BF – Foi um trabalho duríssimo, alguns considerado “um heróico”. Consideras-te um herói?
Nem por sombras! Heróis foram os jogadores que foram o centro de tudo. Trabalharam e nunca se renderam ás vicissitudes que a época nos apresentou. Nenhum clube no país teve uma equipa que se aproximasse da nossa em termos de aplicação e entrega. Todos os meus jogadores foram extraordinários. Eles sim, foram uns autênticos heróis.
Poderá no futuro o Boavista vir a ser campeão nacional de futsal, que nem mesmo aí se conseguirá apagar a memória desta equipa. Sem eles, talvez não existisse futuro para a modalidade no clube. Eles asseguraram o presente e garantiram o futuro.


BF – Sentes que o teu trabalho foi reconhecimento, interna e externamente?
Internamente considero que sim, sinto que as pessoas reconhecem que foi um trabalho positivo. Externamente também, embora tenha registado que houve um ou outro comentador e um outro comentário que não nos quiseram dar o valor que temos.

BF – Como é normal em qualquer equipa, o Boavista teve uma quebra a meio da época. Nessa fase, tiveste medo?
Depois dos primeiros jogos em que conseguimos 7/8/9 pontos, houve uma grande quebra devido ao deslumbramento dos jogadores, que talvez pela sua juventude pensaram que estava tudo feito. Por outro lado as outras equipas começaram a ver o Boavista de outra forma.

BF – Do plantel que recebeste saíram três jogadores ( Camarão, Guga e Cardinal) que fariam parte de qualquer cinco nacional. Mesmo assim, o Boavista ficou a escassos 2 pontos do sexto lugar, como explicas essa performance?
Quando iniciamos a época, apontávamos para o quinto lugar. Perdemos quatro jogadores - pois antes já tinha abandonado a modalidade o Ricardo Pereira que todo mundo reconhece como um jogador de eleição – por este motivo tivemos que reorganizar o plantel que embora eu reconhecia o seu valor. Ficamos com o deficit de um outro jogador que nos fazia falta, mas fomo-nos adaptando e os atletas acabaram por ser excelentes e fantásticos levando a bom porto esta nau.
BF – Estes atletas foram reforçar concorrentes directos na nossa luta… Com a sua continuação onde que poderias ter chegado?
Sinceramente não considero que haja jogos ganhos antecipadamente, mas com eles no plantel teria mais garantias e mais soluções, julgo que conseguiríamos atingir o quinto posto, isto com todo o respeito que tenho pelos jogadores que ficaram até ao fim.

BF – Qual o jogo que consideras ter sido o mais negativo?
- O jogo em que pior jogamos foi em Odivelas! Mesmo assim, mereciamos empatar e nunca perder, foi igualmente uma tarde muito negativa para equipa de arbitragem.

BF – E o melhor?
- O jogo com o Olivais na segunda volta! Mesmo empatando foi o jogo em que o Boavista melhor se exibiu e chegou a ser brilhante. Curiosamente foi esse jogo que nos lançou no Play-out! Ironias…

BF– Que sentias a comandar a equipa mais jovem do campeonato, sem qualquer estrangeiro e com 70% de jogadores da formação do Boavista?
- Uma alegria muito grande, por ver todos os miúdos que saíram da nossa formação dar uma resposta tão boa e conseguir lutar de igual para igual, com todos os jogadores de maior nomeada.

Falemos do futuro!

BF – Depois de uma época extremamente positiva, como explicas o “voltar a trás” da tua parte, regressando aos jovens e não continuando nos seniores? Somente motivos particulares, ou algo mais?
- Não há nada! Não é um voltar a trás. Foi uma decisão reflectida durante muito tempo, mas a minha situação profissional não me permite estar nos treinos o tempo suficiente e que considero fundamental. Por isso e por respeito a todas as pessoas que comigo trabalharam, por respeito ao Boavista, aos jogadores e a mim próprio, sentindo que nunca podia estar a cem por cento com a equipa, assumi esta posição.

BF – Consideras-te com valor para ser treinador de primeira divisão?
- Sem dúvida nenhuma! Os resultados conseguidos na época comprovam o meu valor como técnico.

BF – Para além do regresso á formação, irás desempenhar o cargo de adjunto nos seniores. Não vais ver as coisas com outros olhos e de outra forma?

- Não! Da minha parte serei a mesma pessoa de sempre. A minha posição de colaboração e fidelidade será igual a quando era treinador principal. A subida a treinador não me subiu à cabeça.

BF – A perda de dois elementos da equipa(saída do plantel) deixou-te triste. Ficaste desiludido pela sua saída?
- Não fiquei desiludido com nenhum deles, antes pelo contrário! Une-me – não só a eles mas a todo o grupo - um grande carinho, uma grande amizade e um grande reconhecimento por tudo que deram enquanto jogadores do Boavista.

BF – No meio de uma época difícil o barco abanou algumas vezes, mas nunca perdeste o rumo, como conseguiste superar todas as dificuldades?
- Com a ajuda de todos, mas em especial com a colaboração dos jogadores. Esse grupo foi comandado por um grande homem!, que se chama Alex , para além defender as nossas balizas defendeu o grupo e também o clube. Defendeu o balneário. Acalmou o grupo nos momentos difíceis, incentivou nos momentos de desânimo e serviu sempre de intermediário entre a direcção e o plantel.
Não foi só um grande capitão! Foi um grande amigo, um grande líder, foi e é um grande Homem! Sem ele não seria possível, ninguém consegue interpretar tal trabalho sem o conhecer pessoalmente. Fico-lhe eternamente agradecido.


BF – O futsal do Boavista promete um ano de recuperação e de aproximação ao que foi no passado. Como homem da casa acreditas nesse projecto, ou temes pelo futuro?
-As pessoas que estão á frente da secção nomeadamente o Morais, o Pina e os outros directores, são pessoas que merecem grande confiança. A partir daí penso que o futsal do Boavista vai recuperar todo o seu prestígio e qualidade.
Desde o meio desta época, temos sentido uma aproximação física da Direcção do Boavista ao futsal, nas pessoas dos senhores Presidente-adjunto Tavares Rijo e Vice-presidente Eng. António Marques. Este facto, tem-nos transmitido a confiança que precisávamos e faz-nos acreditar no futuro. Registo os factos de o Presidente-adjunto nos ter dado a honra de se deslocar ao nosso balneário e o facto de o Eng. Marques, quase não passar um dia sem estar no futsal. Isto é demonstrativo das alterações que actualmente existem que nos fazem sentir que também pertencemos ao Boavista e contamos para o clube.
Claro que no centro de toda esta máquina está um homem dedicado que entrega todo o seu tempo livre que coordena tudo que bem e de mal acontece. Falo como é óbvio do António Morais que, como diz… vai resolvendo os stresses.

BF - O teu objectivo era atingir o Play-off, não conseguindo, a vitória no Play-out deu-te alguma satisfação pessoal?
- Essa vitória não compensa tudo feito até aí, no entanto quero registar que nós nunca dissemos que íamos ganhar o Play-out, apesar de haver uma equipa que o assumiu e não o conseguiu.

BF – Se analisar-mos os outros planteis, verificamos que existem vários jogadores fundamentais que passaram pelo Boavisteiros, como por exemplo (Israel, Edivaldo, Marinho, Vitor Hugo, Joel…etc) onde estaria e poderia chegar o Boavista se os tivesse mantido e porque razão terão saído?
- Ao conseguir manter esses jogadores já teríamos sido campeões nacionais. A razão de não os conseguir manter, deve-se ao escasso orçamento que o Boavista dispõe para o futsal. Mas quero referir que todos saíram por razões financeiras.

Falemos da modalidade.

BF – Como analisas o futsal nacional?
- O nosso futsal está resumido a quatro equipas a lutar pelo título e os outros a fugir à despromoção o mais rápido possível.

BF – A nível de quadros competitivos, qual a tua opinião?
- Discordo com o actual figurino. Acho que o campeonato deveria ser disputado numa fase, sem Play-off ou Play-out. Mas aceitando esta formula não concordo com o Play-out que considero uma injustiça enorme.

BF – Propostas?
- Não deveria existir Play-out, defendo a descida dos dois últimos classificados directamente, o nono e décimo fincariam apurados para a primeira divisão e os outros jogariam uma liguilla com os terceiros da segunda divisão para apuramento de dois.

BF – Essa é uma proposta radical, tens outra?
-Se quiserem manter o actual sistema devem defender a verdade desportiva pois o facto de reduzirem para cinquenta por cento dos pontos diminui a vantagem conseguida com muito trabalho durante meses. Por exemplo, uma equipa chega ao final da primeira fase com seis pontos de avanço e vê essa vantagem reduzida para três. Num jogo perde com esse adversário e é ultrapassado… que verdade existe nisso?

BF – E…
- Outra forma aberrante é ficarmos sujeitos a um sorteio puro e não condicionado. Defendo que o nono e décimo deveriam ter os números no sorteio, que lhe desse direito a jogar três jogos em casa. Outra coisa que discordo é definirem os jogos como disputados em campo neutro… a isso nem faço comentários! Ou se fazia a duas voltas, ou se arranjam pavilhões a meio da distância dos dois clubes!

BF – Sentiste-te prejudicado por este sistema?
- Claro! Acabamos a primeira fase em nono. O "prémio" que tivemos foi ter dois jogos em casa e defrontar os adversários directos em casa deles! O Fundão por exemplo jogou três jogos em casa com todos os adversários directos. Onde está a vantagem de trabalhar meses a fio?

Para finalizar…falemos com o coração aberto.

BF – Sendo um homem de coração enorme, como entendes que és algumas vezes, alvo de ataques pessoais?
- Nós sabemos que durante época houve várias tentativas de nos destabilizar de fora para dentro, por equipas com orçamentos muito superiores ao nosso, que nunca pensaram que o Boavista fosse um adversário tão competitivo. A resposta foi dada pelo grupo de jogadores com empenhamento e trabalho e assim conseguimos os nossos objectivos.

BF - Tens alguma mensagem pessoal?
- Sim, tenho! Quero agradecer às pessoas que confiaram no meu valor, ao Morais e ao Paulo Fonseca, ao senhorJosé Batista, aos jogadores por tudo o que conseguiram dar, ao departamento de formação pelo trabalho desenvolvido durante anos.
E agora, em especial á minha equipa técnica, ao Fernando Teixeira, Tiago Moreira, Mário Vieira, Manuel Paiva, que sempre me apoiaram nas horas boas e nas mais difíceis! Sinceramente a todos muito obrigado!
Agradeço também ao massagista Carlos Alberto, o nosso "Ministro" e a todo o departamento médico do Boavista! Foram excelentes durante toda a temporada!
Para terminar, ao Senhor Pina. Apesar de ter chegado mais tarde conseguiu estar sempre ao meu lado e dos jogadores, servindo de intermediário nos casos mais difíceis, sempre me apoiou no necessário e espero que continue no clube por muito tempo, pois já conquistou o seu lugar entre nós.

Como seria de esperar...grande entrevista!

Obrigado, Sérgio!
Em nome dos dois, claro.

Parabéns e obrigado pelo trabalho feito ao longo do ano pelo nosso clube. Sem duvida um trabalho que embora com olhos no futuro nos trouxe resultados dos quais nos podemos orgulhar de ser Boavisteiros. Boa sorte para o trabalho da próxima época... e quem sabe o Futsal-Campus 07 me permita fazer também parte do grupo que luta por honrar a nossa camisola.

ESTE BOAVISTEIRO SALVOU O BOAVISTA.
E NAO VEJO COMENTARIOS SOBRE ISSO. DESAFIO TODOOOS OS QUE PENSAM COMO EU A DAR O NOSSO AGRADECIMENTO COM COMENTARIOS A ESTA ENTREVISTA

Esta entrevista é grande em tamanho e no conteúdo. Parabéns pela manutenção.
Kim

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